Bitcoin – O Começo de Tudo
Todo o universo de criptoativos e Blockchain se iniciou com o Bitcoin. Entenda (finalmente) a origem de tudo e entre de vez nesse mundo.
O ano era 2008, o mundo passava por uma crise econômica poucas vezes presenciada pela humanidade, todos questionavam a eficiência do nosso sistema. Foi então que uma pessoa (ou um grupo delas), de pseudônimo Satoshi Nakamoto, publicou um documento que abriria mais possibilidades e oportunidades do que poderíamos imaginar. E qual o tamanho da revolução que um documento de apenas nove páginas pode causar? No caso do Bitcoin e Blockchain, imensa.
A revolução
“Vez ou outra, uma tecnologia realmente revolucionária surge e sempre nos leva a lugares que nunca imaginamos. Vimos esse cenário com o motor a combustão, telefone, computadores e, é claro, com a Internet. E agora, mais uma dessas revoluções está prestes a nos transformar – e ela é a tecnologia de Blockchain”.
Durante uma palestra em Paris, organizada pelo TED Institute em maio de 2016, Mike Schwartz, um renomado especialista em blockchain, destacou o potencial disruptivo dessa tecnologia. Ele sugeriu que, se desenvolvida e adotada conforme o esperado, a blockchain poderia ser a pedra angular da próxima grande revolução na era da informação.
A origem e o criador
Em 31 de outubro de 2008, coincidentemente durante o Halloween, Satoshi Nakamoto divulgou um documento descrevendo o modelo de uma nova tecnologia, que rapidamente foi implementada e lançada como um software de código aberto. A identidade desse criador continua sendo um mistério até hoje. O que se sabe é que "Satoshi Nakamoto" é um pseudônimo; quem ele ou eles realmente são, ou se o nome representa uma pessoa ou um grupo de desenvolvedores, ainda é desconhecido. A rede Bitcoin foi oficialmente ativada mais tarde, em 3 de janeiro de 2009.
O nome desse documento revolucionário era “Bitcoin - Um Sistema de Dinheiro Eletrônico de Ponta a Ponta”, que explicava toda a invenção do Bitcoin e seu funcionamento. Pelo nome do documento, você deve ter percebido que a intenção inicial do Bitcoin não era ser um ativo financeiro especulativo, mas sim uma moeda de troca, como o Real ou o Dólar.
Propósito
Vamos evitar começar com explicações complexas e cheias de jargões técnicos, pois não são tão úteis para o entendimento geral. Em vez disso, vamos focar no propósito dessa tecnologia. Lembre-se, a tecnologia é apenas um meio para atingir um fim, não um fim em si mesmo.
Dinheiro hoje
Pense na maneira como lidamos com dinheiro hoje. Praticamente ninguém mais guarda dinheiro debaixo do colchão; a maioria das pessoas mantém seus fundos em contas bancárias e realiza transações através desses intermediários, que asseguram a segurança desses processos. Atualmente, quando transferimos dinheiro, são os bancos que verificam a transação, garantindo que o remetente possua os fundos necessários e que o destinatário tenha uma conta para receber o dinheiro, por exemplo.
Sem intermediários
O objetivo inicial do Bitcoin era eliminar esse intermediário do processo de transação, permitindo transações seguras diretamente entre duas partes, conhecidas como pagamentos peer-to-peer (P2P). No sistema convencional, a auditoria é centralizada nos bancos. O Bitcoin propõe uma descentralização dessa auditoria, distribuindo a responsabilidade por múltiplos participantes na rede. Assim, o controle não é mais exercido por uma única entidade ou instituição, mas compartilhado por todos que estão conectados à rede, de forma similar ao que acontece na internet, onde a informação flui (quase) livremente, exceto em locais que impõem restrições, como países totalitários.
Este novo modelo oferece às pessoas controle total sobre seu dinheiro, uma mudança significativa em relação ao sistema atual. Você pode se perguntar se isso realmente faz diferença no dia a dia, mas basta recordar o impacto causado quando, em 1990, Fernando Collor congelou as poupanças dos brasileiros. Esse incidente é um exemplo claro de quão pouco controle temos sobre nossos recursos financeiros.
Rede Bitcoin
Agora vamos falar do Bitcoin como o conhecemos hoje. Majoritariamente, ele não é usado como moeda, exceto raras exceções de alguns estabelecimentos pelo Brasil que o aceitam como pagamento. O uso mais popular dele é o especulativo, ou seja, investidores que tentam ganhar dinheiro com a volatilidade desse ativo - aliás, a volatilidade dele é uma das principais características da criptomoeda.
A cotação do Bitcoin em relação às moedas fiduciárias, como Real e Dolar, por exemplo, é determinada exclusivamente pela oferta e demanda do ativo, ou seja, quanto mais gente compra Bitcoin, mais caro ele fica; e quanto mais gente vende, mais barato fica. Vale ressaltar que a rede é global, assim como sua cotação, é (praticamente) a mesma no mundo todo e determinada pelo mundo todo também. Isso só é possível graças à descentralização que ela proporciona, nunca vista antes.
Descentralização
A rede Bitcoin é totalmente descentralizada, o que significa que não depende de uma autoridade central, como um banco ou governo, para funcionar. Em vez disso, é mantida por uma rede de computadores (nós) espalhados pelo mundo.
Cada nó possui uma cópia completa do blockchain, o livro-razão que contém o histórico de todas as transações já realizadas na rede.
Blockchain
O coração da rede Bitcoin é a blockchain, um livro-razão distribuído e público que registra todas as transações na rede. Cada bloco na blockchain contém um certo número de transações que são verificadas e validadas por participantes da rede chamados de "mineradores". Uma vez que um bloco é adicionado à cadeia, ele se torna imutável, o que significa que as transações registradas não podem ser alteradas ou excluídas.
Mineração
A mineração é o processo pelo qual transações são verificadas e adicionadas à blockchain. Mineradores competem para resolver complexos problemas matemáticos que requerem poder computacional substancial. O primeiro minerador a resolver o problema ganha o direito de adicionar um novo bloco à blockchain e é recompensado com bitcoins recém-criados (isso é conhecido como recompensa de bloco) e as taxas de transação associadas às transações no bloco.
Prova de Trabalho
A rede Bitcoin usa um mecanismo chamado "prova de trabalho" (Proof of Work - PoW) para garantir a segurança e a veracidade das transações.
Esse mecanismo dificulta a adição de novos blocos, o que ajuda a prevenir ataques maliciosos, como o gasto duplo, onde alguém tenta gastar o mesmo bitcoin duas vezes.
Consenso
Para que um bloco de transações seja adicionado ao blockchain, é necessário que haja consenso entre os nós da rede. Isso é alcançado através do processo de mineração. A maioria dos nós deve concordar que as transações no bloco proposto são válidas.
Transações e endereços
As transações na rede Bitcoin são realizadas entre endereços, que são representações alfanuméricas geradas criptograficamente. Cada usuário pode gerar um número quase ilimitado de endereços a partir de uma chave privada, que serve como uma assinatura digital para autorizar transações, garantindo segurança e privacidade.
A rede Bitcoin é, portanto, uma combinação de inovações em criptografia, software e mecanismos de consenso que oferecem uma forma segura, privada e descentralizada de trocar valor sem a necessidade de intermediários confiáveis. Nasce assim também a tecnologia que tanto dizem ser revolucionária, a Blockchain.
Satoshi Nakamoto nunca usou esse termo no documento que publicou, mas como era um software aberto, qualquer um pode aplicar a tecnologia do Bitcoin da forma que desejar. E as aplicações são inúmeras e formidáveis, mas isso é assunto para o próximo texto.