Reserva de Bitcoin: quais países estão adotando essa estratégia e por quê

Uma análise técnica sobre como diferentes nações e instituições estão incorporando o Bitcoin em suas reservas e o que isso significa para o futuro da economia global.

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Leitura de 7 min-05/09/2025, 07:30
Categorias: Tecnologia
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O que é uma reserva de Bitcoin

Uma reserva de Bitcoin é o acúmulo estratégico de BTC por parte de governos, bancos centrais ou até corporações, com o objetivo de integrá-lo ao conjunto de ativos de longo prazo. Assim como o ouro ou moedas fortes (como o dólar ou o euro) são utilizados para compor reservas internacionais, o Bitcoin passa a ser visto como um ativo de proteção e diversificação.

Na prática, essas reservas podem ter três finalidades principais:

  • Proteção contra volatilidades cambiais e inflação: o Bitcoin, por sua escassez programada (apenas 21 milhões de unidades), é considerado um “ativo anti-inflacionário”.

  • Diversificação de portfólio: incluir BTC nas reservas significa reduzir a dependência de ativos tradicionais, como títulos de dívida soberana ou metais preciosos.

  • Inovação e soberania financeira: ao adotar o Bitcoin em suas reservas, países e empresas reforçam a independência frente a sistemas financeiros tradicionais, ganhando flexibilidade em cenários de tensão geopolítica ou restrições econômicas.

Diferentemente do ouro físico ou de moedas fiduciárias, as reservas de Bitcoin são digitais e exigem modelos específicos de custódia e governança, que vão desde carteiras multiassinatura até a transparência via registros públicos em blockchain.

A origem da ideia de reserva de Bitcoin

A noção de reserva estratégica de Bitcoin ganhou relevância nos últimos anos como resposta à busca por diversificação de ativos em um cenário de instabilidade monetária e geopolítica. Assim como o ouro se consolidou como reserva de valor no século XX, o Bitcoin começa a ser visto por governos e instituições como um ativo escasso, descentralizado e globalmente aceito.

Essa tendência não se limita a uma visão especulativa: ela reflete uma estratégia de soberania financeira, proteção contra inflação e fortalecimento das reservas internacionais diante de transformações digitais no sistema financeiro.

Países que já acumulam Bitcoin em suas reservas

O exemplo mais conhecido é o de El Salvador, que desde 2021 acumula Bitcoin como parte de suas reservas nacionais. Atualmente, o país mantém mais de 6 mil BTC sob custódia do governo, com mecanismos de gestão transparentes que incluem a divulgação de dashboards públicos.

Outro destaque é o Butão, que utiliza sua matriz energética 100% hidrelétrica para minerar Bitcoin de forma sustentável. O país já soma mais de 12 mil BTC, mostrando como a combinação entre recursos naturais renováveis e inovação tecnológica pode se transformar em estratégia de crescimento econômico.

Os Estados Unidos também figuram na lista dos maiores detentores de Bitcoin. Ainda que de forma indireta, o governo acumula cerca de 200 mil BTC provenientes de apreensões judiciais. Em 2025, o país deu um passo adiante ao formalizar uma Reserva Estratégica de Bitcoin, reforçando o papel do ativo como instrumento de diversificação de riqueza nacional.

Segundo estimativas de mercado, a soma de Bitcoin mantida por Estados Unidos, China, Reino Unido, El Salvador e Ucrânia ultrapassa os R$ 175 bilhões, evidenciando que a moeda digital já ocupa espaço relevante no cenário global.

A entrada das corporações na corrida do Bitcoin

O movimento não se restringe a governos. Empresas listadas em bolsa também começam a criar reservas próprias de Bitcoin como parte de sua estratégia de tesouraria. Um exemplo emblemático é o da Trump Media & Technology Group, que em 2025 anunciou a destinação de US$ 2,5 bilhões para formar uma reserva de Bitcoin sob custódia especializada.

Esse tipo de iniciativa sinaliza que a adoção do BTC como ativo estratégico transcende fronteiras estatais e passa a influenciar também a forma como grandes companhias administram seus balanços. A tendência fortalece o ecossistema de custódia institucional e cria referências para práticas de governança aplicáveis tanto a empresas quanto a governos.

O Brasil entra no debate: RESBit

No cenário nacional, o tema avançou com a tramitação do Projeto de Lei 4.501/2024, que propõe a criação de uma Reserva Estratégica Soberana de Bitcoin (RESBit). Em agosto de 2025, a Câmara dos Deputados agendou audiência pública para discutir a proposta, reunindo reguladores, representantes do setor e especialistas.

A iniciativa busca abrir caminho para que o Brasil avalie tecnicamente como o Bitcoin pode contribuir para a composição de reservas internacionais, em diálogo com a política econômica conduzida pelo Banco Central e com o marco regulatório da criptoeconomia já em vigor no país.

Mais do que decidir pela adoção imediata, a audiência representa um marco importante de amadurecimento institucional, trazendo o debate para o centro das discussões sobre inovação financeira e gestão macroeconômica.

Tendências e aprendizados

A expansão das reservas de Bitcoin, tanto soberanas quanto corporativas, aponta para três tendências claras:

  • a incorporação do BTC em carteiras de ativos de longo prazo;

  • a criação de modelos de custódia e transparência cada vez mais sofisticados;

  • o reconhecimento do papel do Bitcoin como parte da infraestrutura financeira global.

Para o Brasil, observar essas experiências significa ganhar tempo e referência para desenhar uma estratégia que combine inovação, sustentabilidade e segurança jurídica.

A ideia de reservas em Bitcoin já não é apenas uma hipótese: trata-se de um movimento concreto em diferentes países e corporações, que enxergam no ativo digital uma forma de proteger patrimônio, diversificar riqueza e inovar em políticas econômicas.

Ao trazer o tema para o centro do debate legislativo, o Brasil demonstra abertura para discutir de forma responsável e estratégica o papel do Bitcoin em sua economia.

A ABcripto seguirá contribuindo para esse diálogo, promovendo educação e informação qualificada para fortalecer o ecossistema nacional.

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