Tokenização e stablecoins em pauta: o que o Febraban Tech 2025 revelou sobre o futuro financeiro

A edição 2025 do Febraban Tech, maior evento de tecnologia e inovação do setor financeiro da América Latina, reforçou o que já vem se tornando evidente: o futuro da economia está cada vez mais associado à digitalização de ativos, à interoperabilidade entre sistemas financeiros e ao avanço de soluções descentralizadas como as stablecoins.

A ABcripto, apoiadora institucional do evento, esteve presente no painel “A Economia Tokenizada avança. O que está em jogo com o avanço das stablecoins?”, realizado no dia 10 de junho, que reuniu especialistas do mercado tradicional e do ecossistema cripto para discutir os impactos da tokenização e dos ativos estáveis no sistema financeiro. O CEO da associação, Bernardo Srur, foi um dos participantes do debate, ao lado de nomes como André Portilho (BTG Pactual), Driss Temsamani (Citi) e George Smetana (Bradesco), com mediação de Carolina Sansão (Febraban).

O papel das stablecoins na evolução do mercado

As stablecoins são criptomoedas projetadas para manter um valor estável, normalmente atreladas a um ativo de referência, como uma moeda fiduciária (por exemplo, o dólar americano) ou uma commodity (como ouro), e viabilizam transações internacionais com agilidade, baixo custo e liquidez. Durante o painel, chamou atenção o dado de que 90% do volume financeiro mensal transacionado em criptoativos no Brasil ocorre com stablecoins lastreadas em dólar, como a USDT.

Essa tendência reflete um movimento de busca por eficiência — especialmente em operações transfronteiriças — que não é plenamente atendido pelos meios tradicionais. A velocidade de adoção das stablecoins está forçando o sistema financeiro tradicional a se adaptar, reconhecendo o valor que esse tipo de inovação entrega ao usuário final.

Tokenização como base do sistema financeiro do futuro

Outro ponto central do debate foi o potencial da tokenização. A tecnologia, que permite transformar ativos do mundo real em representações digitais seguras, está cada vez mais integrada à agenda estratégica de bancos, fintechs e reguladores. De ativos mobiliários a imóveis e CDBs, o uso de tokens para representar valor abre caminho para novos modelos de crédito, negociação, garantias e investimentos.

Exemplo disso é o Drex, projeto do Banco Central para o Real Digital, que já desenvolve casos de uso baseados em tokenização — como a utilização de CDBs tokenizados como garantia para operações de crédito. Mesmo antes da conclusão do projeto, instituições como bancos já trabalham com a estruturação desses produtos em ambientes de teste.

Segundo dados apresentados por Bernardo Srur, a tokenização movimentou R$ 1,3 bilhão em 2024, com um crescimento de 300% em relação ao ano anterior. Embora esse volume ainda represente uma fração do sistema financeiro tradicional, o avanço é expressivo e indica um caminho sem volta.

Regulação e segurança como motores de confiança

A consolidação desse novo ecossistema depende, no entanto, de um ambiente regulatório claro e funcional. Ainda em 2025, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) deve abrir uma nova consulta pública para revisar as regras aplicáveis à tokenização de investimentos no Brasil — uma iniciativa aguardada por todo o setor.

Como destacou o painel, o desafio regulatório não está na tecnologia, mas em garantir segurança jurídica, transparência e interoperabilidade, sem sufocar a inovação. A experiência do Brasil com projetos como o Pix e o Open Finance mostra que é possível construir soluções inclusivas, robustas e escaláveis quando há coordenação entre os diferentes agentes do sistema.

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