Drex e as moedas digitais de bancos centrais: como o mundo está se preparando para o futuro do dinheiro

O que são as CBDCs, como diferentes países estão implementando essas moedas e por que o Drex é um marco na digitalização do dinheiro no Brasil.

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Leitura de 7 min-11/07/2025, 07:30
Categorias: Tecnologia
Ilustração com o logotipo da ABcripto e  Drex

O que são as CBDCs e por que os Bancos Centrais estão criando suas próprias moedas digitais?

O avanço das moedas digitais de Bancos Centrais (CBDCs, na sigla em inglês) reflete uma transformação estrutural no sistema monetário global. Em um cenário de crescente digitalização, surgimento de criptomoedas privadas e maior demanda por inclusão financeira e eficiência, os Bancos Centrais passaram a desenvolver suas próprias moedas digitais para manter a relevância do dinheiro soberano e ampliar sua capacidade de atuação econômica.

As CBDCs são versões digitais das moedas fiduciárias emitidas diretamente por Bancos Centrais. Diferente de criptoativos como o Bitcoin, elas são centralizadas, reguladas e têm lastro no governo emissor. Desde o lançamento do Sand Dollar pelas Bahamas em 2020, o movimento cresceu rapidamente: em 2025, mais de 130 países estão estudando, testando ou implementando suas próprias CBDCs, segundo o Atlantic Council.

Entre os objetivos comuns estão:

modernizar os sistemas de pagamento;

  • promover inclusão financeira;

  • aumentar a rastreabilidade e transparência de transações;

  • fomentar a inovação nos mercados financeiros;

  • garantir a soberania monetária diante do avanço de stablecoins privadas.

Drex: a experiência brasileira na vanguarda digital

O Brasil é um dos países mais avançados na discussão sobre moedas digitais emitidas por Bancos Centrais. Em 2023, o Banco Central oficializou o nome "Drex" para a versão digital do Real, como parte de um projeto mais amplo que busca conectar o sistema financeiro tradicional com um novo ambiente digital baseado em DLT (tecnologia de registros distribuídos).

A proposta do Drex não é apenas criar uma versão digital do Real, mas uma infraestrutura completa para a tokenização da economia. Com isso, o projeto pretende permitir a emissão e negociação de ativos financeiros digitais – como títulos públicos, CDBs, debêntures (títulos de dívida emitidos por empresas para captar recursos no mercado) e moedas tokenizadas – com liquidação instantânea e automação via contratos inteligentes.

O nome Drex combina os conceitos de Digital, Real, Eletrônico, X de conexão e modernidade.

O estágio atual do projeto Drex

No momento, o projeto está em fase final de testes do Piloto RD2024, com participação de bancos, fintechs e instituições financeiras em simulações de casos de uso, como:

  • crédito com garantia de ativos tokenizados;

  • emissão de moeda digital com liquidação automática;

  • uso de Drex como camada de infraestrutura para integração entre instituições.

Embora a previsão inicial fosse o lançamento no final de 2024, o Banco Central declarou recentemente que não há uma data oficial para a implementação pública do Drex. A instituição está priorizando a segurança cibernética, proteção de dados, conformidade com a LGPD e a definição de marcos regulatórios robustos antes de avançar.

Relação com o Banco Central e a CVM

O Drex está diretamente ligado a discussões regulatórias lideradas pelo Banco Central do Brasil e pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A CVM, por exemplo, deverá lançar consultas públicas sobre tokenização de valores mobiliários ainda em 2025, buscando alinhar as novas tecnologias aos princípios de transparência, proteção ao investidor e integridade de mercado.

O Banco Central, por sua vez, já publicou manuais técnicos e jurídicos sobre o funcionamento da plataforma Drex, e tem promovido diálogo contínuo com o mercado para alinhar expectativas e mitigar riscos.

A articulação entre essas instituições é essencial para garantir que o Drex opere dentro de uma estrutura jurídica segura, capaz de fomentar a inovação sem abrir mão da estabilidade financeira e da proteção ao consumidor.

O panorama internacional: o que aprendemos com outras CBDCs

Outros países também estão avançando em suas experiências com moedas digitais, o que permite ao Brasil observar acertos e desafios:

  • China (e-CNY): A moeda digital chinesa já é utilizada em mais de 200 cenários reais, incluindo transporte público, e-commerce e benefícios sociais. A estratégia do governo envolve testar escalabilidade, rastreabilidade e integração com o sistema bancário.

  • União Europeia (Euro digital): O BCE está na fase preparatória, priorizando privacidade, interoperabilidade e neutralidade monetária. O projeto busca garantir que o Euro digital complemente o dinheiro físico, sem desintermediar o setor bancário.

  • Estados Unidos (FedNow e dólar digital): Nos Estados Unidos, o FedNow foi lançado como sistema de pagamentos instantâneos operado pelo Federal Reserve. Já o dólar digital segue em fase de estudos, com cautela por parte do Fed diante de preocupações sobre privacidade, vigilância e impactos na competitividade dos bancos comerciais.

Esses projetos mostram que a inovação tecnológica não é o maior desafio das CBDCs, mas sim a construção de confiança institucional, infraestrutura jurídica, e colaboração público-privada para viabilizar a nova arquitetura financeira.

As moedas digitais de Bancos Centrais, como o Drex, estão deixando de ser experimentos para se tornarem peças centrais no futuro do dinheiro. O Brasil, por meio do Banco Central, demonstra protagonismo ao estruturar um modelo que vai além da digitalização da moeda e visa reorganizar a infraestrutura financeira nacional com base na tokenização.

Nesse processo, é essencial que os marcos regulatórios acompanhem a inovação, com transparência, segurança e inclusão como pilares fundamentais. A ABcripto seguirá acompanhando de perto os desdobramentos do Drex, contribuindo para o debate público, a educação sobre ativos digitais e o desenvolvimento responsável da criptoeconomia no Brasil.

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